São 00h34, meus olhos pesam e em breve me entregarei ao letargo... As palavras me rodeiam como nunca. Coisa que estou para contar faz tempo é essa história de desapego. Será que alguém no mundo, com exceção dos sagitarianos, realmente tem conhecimento deste assunto? Apegar, segundo o dicionário é: Inclinação; afeição; pertinácia; aferro excessivo. Concordo com o que diz o Sr. Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, em quase tudo. Tenho o hábito de ser uma apaixonada e sofrer com os encantos dos mais diversos tipos de pessoas, o que desperta ainda mais o interesse destas. A princípio o mundo é lindo, mas com o acumular das horas, qualquer coisa parece ser mais interessante do que corresponder. Muitas vezes o consciente me faz aceitar algumas situações, como marcar um novo compromisso, pois realmente seria interessante tal diligência. Infelizmente caio na consciência tarde demais e sou obrigada a negar a verdade. Justiça seja feita: sou uma filha da puta – para falar Português claro, como diz a minha mãe. Aonde já se viu? Acredito e é fato que eu caio em amores realmente por aqueles que menos me dão atenção. Aquele tipo que te faz única, mas ao mesmo tempo mantêm a insegurança sempre presente em suas rugas. Faz-se o maior esforço do mundo para gostar do oposto, mas sempre consegue o que quer, quando quer e sem forçar a barra. Não significa dizer que a carência não me acompanhe, pelo contrário, ela está sempre presente, talvez seja preciso mais amizade. Eu havia escrito mais umas seis ou sete linhas sobre o assunto e essas foram levadas por uma ausência de energia aqui em casa, o que me provocou uma ausência de memória e uma preguiça imensa, pois escrever é escrever, de uma só vez. Escrever uma segunda vez não teria a mesma intensidade. Ontem fui pra casa cedo e sóbria, refletindo sobre dois novos amigos que em menos de dois meses de convivência já são capazes de despertar saudades maiores do que a que sentirei de muitos antigos amigos. Minha menina, hoje já não é mais minha, ou talvez nunca tenha sido – apenas dona dos meus pensamentos – me arranca uma afinidade sem fim, com direito à sambinhas e pensamentos simultâneos. O mesmo acontece com seu já citado amigo gay, que um dia tornar-se-ia meu amigo. Não demorou muito para o seu setentismo me aliciar... Se eu digo “vem?”, a resposta é sempre “vamos!”.
Decidi organizar meus discos, encontrei clássicos da música brasileira e outros descartáveis, que preciso ganhar tempo de trocar. Entre os bons, os mais queridos foram: “Avanço” do Tamba Trio, “Dois na bossa” de Elis e Jair Rodrigues e uma coletânea que pertenceu ao meu bisavô com dez discos com o melhor da música popular da época em um box clássico.
Despeço-me novamente, desta vez como Machado de Assis, caro leitor. Sem revisar. É tarde... Hora de um copo d’agua gelado e um agradecimento por mais este dia. Cheguei ao letargo. Boa noite!
